Item LGG NOV 21 - Retrato fotográfico do casamento de Henrique Arthur Max Gieseler e Justina Ida Lausch. Luiz Germano Gieseler (autor).

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Código de referência

BR RSMADP LGG-300-310-313-D4-LGG NOV 21

Título

Retrato fotográfico do casamento de Henrique Arthur Max Gieseler e Justina Ida Lausch. Luiz Germano Gieseler (autor).

Data(s)

  • 08/07/1925 (Produção)

Nível de descrição

Item

Dimensão e suporte

NOV - Negativo de vidro (13x18 cm, vertical)

Área de contextualização

Nome do produtor

(n. 27/7/1870 m. 25/5/1954)

Biografia

No contexto da cultura fotográfica disseminada pelos colonos alemães no noroeste do Rio Grande do Sul, apresenta-se o agricultor, administrador de moinho e fotógrafo Luiz Germano Gieseler , nascido Ludvig Hermann Gieseler em 27 de julho de 1870, na cidade de Kemberg, região sul do distrito de Wittenberg, pertencente ao estado da Alta Saxônia na Alemanha. Sua vinda ao Brasil teve início em 08/10/1881, no ducado de Bernburg, pertencente a Anhalt, com partida do trem para o porto de Antuérpia, na Bélgica em 11/10/1881, na companhia de seus pais e irmãos, onde saem de navio para o Brasil. Ao chegar no porto do Rio de Janeiro, aguardado o procedimento legal de entrada no país, a família partiu em direção a Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul num barco a vapor. Posteriormente, eles pegaram outro barco até Rio Pardo, e por fim, carroças para o destino final, Santa Cruz do Sul, onde se instalaram após 47 dias de viagem desde a saída da Europa.
Seu pai Ludvig Hermann Gieseler (homônimo de seu filho), nasceu em 16 de maio de 1839, na cidade de Ostrau, distrito de Bitterfeld, no estado da Saxônia e sua mãe, Johanne Rosine Henriette Gieseler (nascida Enge), em 08 de novembro de 1844, na região de Lubast, pertencente à cidade de Kemberg. Os irmãos de Luiz Germano, todos nascidos na Alemanha, eram Henriqueta Helena Ida (06/04/1872-07/06/1943), Fritz Willy Gieseler (06/03/1874-12/10/1965), Paul Emil Max Gieseler (25/01/1876-07/06/1943) e Clara Helena Hedwig (07/08/1878-08/01/1946).
Ludvig Hermann conhecia o ofício de moagem e era perito na construção de moinhos (BINDÉ, 2005, p.114), assim como Albert Gieseler, também da família, era proprietário de moinho . Portanto, o ofício foi bem presente na família e, posteriormente transmitido a Luiz e seus descendentes. Seu pai Ludvig também detinha conhecimentos de engenharia para a construção de estradas de ferro, que ironicamente, foi um dos fatores que o fez deixar seu país, pois com o estágio de desenvolvimento industrial alemão já avançado, havia uma saturação de trabalhadores nessa área (SIEKIRSKI; LAZZAROTTO, 1987, p.21).
Desde jovem, Luiz Germano acompanhava o trabalho do pai, que exercia a atividade de moagem de cereais e lapidação de pedras, ficando em Santa Cruz do Sul por dezoito anos. Ainda que no Brasil, os colonos deveriam dominar as atividades rurais de subsistência, na comunidade colonial alemã era comum a prática de ofícios urbanos, como artesãos e outras atividades, onde produziam seus próprios instrumentos de trabalho. Cunha (1998, p.129) relata sobre um aspecto próprio da comunidade imigrante que chega da Alemanha em Santa Cruz do Sul/RS, que diz respeito à quantidade, um pouco acima do esperado, de artesãos: “é grande o número de artesãos entre os que chegam à Colônia”. O autor menciona uma lista de profissionais, documento da diretoria da colônia do século XIX denominada “Mestres de artes e ofícios – Santa Cruz, 1866” , que citava o construtor de moinho.
A religião oficial da família era evangélica protestante, também conhecida como “reformada” (doutrina baseada na Reforma Luterana), conforme constatado por Cunha (1998, p.127), a tradição da crença luterana era predominante entre os colonos alemães em Santa Cruz do Sul, durante a década de 1850. Luiz Germano, assim como seu pai, inclinou-se profissionalmente ao ofício da moagem de cereais. Sua formação escolar foi na Escola Alemã ligada à Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (IECLB), atual Rede Sinodal de educação (RSE), como era natural nos locais que residiam os colonos alemães no sul do Brasil. Ainda nesta cidade, ele viveu até seus vinte e oito anos e se casou com Maria Emilie Niedersberg (25/09/1872-01/08/1964) em 29 de agosto de 1893 e naquela cidade tiveram três filhos: Emilie Anna (17/06/1894), Henrique Arthur Max (14/09/1896); Emílio Ernesto (20/03/1899).
Com a expansão da colonização na região noroeste do Rio Grande do Sul, a família teve o interesse de se mudar, também em decorrência da longa estiagem ali presente, o que a motivava ir para um lugar com água em abundância . A Colônia Ijuhy (atual Ijuí) pareceu a Ludvig e seu filho um atrativo, pelo rápido desenvolvimento do local e diversificação da produção agrícola, além de grandes rios no seu entorno. Em 1899, Luiz Germano, seus país e irmãos, sua esposa e seus filhos saíram de Santa Cruz (BINDÉ, 2005, p.114) para viver na região noroeste.
De acordo com Bindé (2005), ao chegarem em Ijuhy, primeiramente, os pais de Luiz Germano, Ludvig Hermann e Johanne se instalaram numa área pré-definida na Linha 3 e 4, Leste, próximo a uma cascata, hoje denominada Wazlawick do Rio Potiribu (na época Arroio da Ponte). Porém, Luiz Germano preferiu procurar outro lote, pois aquele não havia o agradado tanto, deixando seus pais se estabelecerem ali, enquanto que ele e seu núcleo familiar foram residir em outro local. A área escolhida foi uma propriedade nas Linhas 1 e 2, Leste às margens do Arroio da Ponte, com a presença de uma queda d´água. Ali, já havia um moinho ativo por muitos anos, pertencente a Roberto Gloss, que como tinha falecido, naquele período, a venda da propriedade a Luiz Germano foi efetuada pela viúva Maria das Dores Gloss .
Segundo Bindé (2005, p.114), a assinatura da escritura ocorreu em 24 de fevereiro de 1899 e a concretização da compra em 22 de maio daquele ano. Assim, a família iniciou a construção da residência em alvenaria, um segundo moinho e a compra de um descascador de arroz (ibid., p.115-116). O moinho começou a ser construído perto de 1902 e quando estava quase finalizada a obra, o antigo moinho, que já existia no lote antes da chegada de Luiz Germano, foi destruído por uma enchente no início de 1907. Relata-se que as pedras dos destroços, ainda poderiam ser vistas depois de décadas do ocorrido. Por isso, o acontecimento também motivou a ativação da nova construção, que ocorreu em 27 de junho de 1907.
Antes da finalização das edificações, conta-se que a família vivia no modo de acampamento, ou usando o moinho antigo como abrigo. Antes de concluída as obras da residência em alvenaria, onde o moinho recente comportava um espaço que abrigava a família. Em junho de 1923, a Usina hidrelétrica da Sede, atualmente conhecida como Usina Velha, “situada na margem oposta do rio, que dava de frente para a propriedade, já funcionava e, portanto, a propriedade da família usufruía de iluminação elétrica” (BINDÉ, 2005, p.116) a partir desta data.
Estabelecidos no noroeste do estado, Luiz Germano e Maria Emilia tiveram mais dois filhos, Paulo Otto Germano (16/04/1906) e Adolfo Ricardo Guilherme (11/01/1911). O cotidiano na propriedade da família era de muitas atividades, ligadas ao plantio de sustento próprio e criação de vacas e pequenos animais.
O moinho era a principal fonte de renda familiar, embora também produziam leite e derivados como complemento. Relata-se a bela visão da propriedade às margens da represa do Arroio da Ponte naqueles tempos, além dos espaços bem estruturados da propriedade, como a alvenaria das edificações, com amplos cômodos e varanda. Conta-se que a residência possuía uma grande sala, onde todos se reuniam para fazer bailes, inclusive, um vizinho da família que tinha uma gaita participava dos eventos festivos para entretê-los, reunindo-se amigos e parentes.
Com base no diagnóstico do acervo e depoimentos coletados, durante a vida de Luiz Germano Gieseler, o mesmo exerceu várias atividades, sendo a profissão oficial, a de administrador do próprio moinho. Gieseler possuía várias habilidades, pois dominava a construção de edificação em alvenaria (moinho e residência), planejando e executando seus imóveis, também consertava seu próprio veículo, o Ford modelo T do início do século XX, com imagens dele no acervo. Ao aprender a dirigi-lo, o mesmo passeava para visitar filhos que já viviam distantes, além dos parentes. Algumas viagens realizadas foram para Marcelino Ramos e Santa Rosa, em visita aos filhos mais velhos, como também para Santa Cruz do Sul, ao rever os familiares da esposa e do ex-vizinho João Hauth, que também era padrinho de Emílio Ernesto Gieseler. Durante a Segunda Guerra Mundial, houve escassez de combustível e por isso, o automóvel não podia ser utilizado, acabando por ser vendido.
Nos últimos anos da vida de Luiz Germano, o mesmo, assim como outros de sua geração, os remanescentes do processo de colonização, chamados pioneiros ou colonos eram homenageados durante comemorações municipais . Seu falecimento foi no dia 25 de maio de 1954 de esclerose cerebral e seu filho Paulo Otto Germano, que “desde a infância acompanhava as atividades do pai” (BINDÉ, p.117), acabou assumindo a administração da propriedade familiar e do moinho.
Mais tarde, quando Paulo começou a ficar indisposto para continuar as atividades do moinho, seus filhos Alfredo Germano e Edgar Beno já cuidavam da firma. Paulo Otto Germano faleceu em 26 de janeiro de 1992 e Alfredo Germano, nascido em 18 de dezembro de 1934, passou a administrar o moinho. Edgar optou por viver na zona urbana da cidade para continuar os estudos e seguir novos rumos profissionais, tornando-se contador e atuando no ramo imobiliário. A irmã deles, Alice Gerda Hieck, nascida Gieseler, ao se casar, também saiu da residência para morar em São Leopoldo/RS, não retornando mais para Ijuhy. Após o falecimento de Alfredo em 21 de fevereiro de 2002, seu filho Nestor Alfredo, também conhecido como “Chico”, passou a administrar a propriedade, mas a atividade de moagem não durou por muito tempo. Apesar do moinho fechar antes de 2005, ainda atualmente (2018), Nestor Alfredo reside na propriedade com sua esposa e sua mãe.

Referências:

  • Documentos bibliográficos:

BINDÉ, Ademar Campos. As etnias em Ijuí: alemães/Ademar Campos Bindé. Ijuí: [s.n.], 2005.
ÁVILA, Luis carlos. Guia biográfico das ruas de Ijuí. 2 ed.(com mapas). Ijuí, 1982.
KLEIN, Remi; BECKER, Tiago. De escolas comunitárias à Rede Sinodal de Educação: princípios evangélico-luteranos. In.: Rev. Pistis Prax., Teologia e Pastoral. Curitiba, v. 9, n. 3, 629-643, set./dez. 2017. Disponível em: < https://periodicos.pucpr.br/index.php/pistispraxis/article/view/11126>. Acesso em: junho de 2018.
SIEKIRSKI, Marli; LAZZAROTTO, Danilo. Povoado Santana conta sua história. Ijuí: Ed. Unijuí, 1987. (Coleção centenário de Ijuí, 4).

  • Documentos textuais:

Certidão de Óbito de Joanna Henriqueta Gieseler, 2ª via. Emissão: Serviço de Registro de Pessoas Naturais e Registros Especiais Milton Diemer - Oficial Registrador, Fabricio Eickhoff Diemer - Registrador substituto, Comarca de Ijuí/RS. Data: 10/04/2013. Arquivo pessoal de Edgar Beno Gieseler, Ijuí-RS.
GIESELER, Edgar Beno. Dossiê 1: pesquisa documental, contexto e identificação das fotografias do acervo de Luiz Germano Gieseler. Ijuí, 2014-2015. 52 p. Arquivo pessoal de Edgar Beno Gieseler, IjuíRS.
GIESELER, Edgar Beno. Dossiê 2: pesquisa documental, contexto e identificação das fotografias do acervo de Luiz Germano Gieseler. Ijuí, 2014-2015. 38 p. Arquivo pessoal de Edgar Beno Gieseler, Ijuí-RS.
GIESELER, Edgar Beno. Dossiê 3: pesquisa documental, contexto, transcrição e tradução de documentos pessoais e de propriedade da família Gieseler. Ijuí, 2012. 100 p. Arquivo pessoal de Edgar Beno Gieseler, Ijuí-RS.
Registro de batismo de Luiz Germano Gieseler em 07 de agosto de 1870, realizado pela Igreja Evangélica de Kemberg-Alemanha. Arquivo pessoal de Edgar Beno Gieseler, Ijuí-RS.

  • Documentos sonoros:

GIESELER, Alfredo Germano. Entrevista [mar.1994]. Entrevistador: Danilo Lazzarotto. Ijuí: FIDENE, 1994. 1 fita cassete (20 min). Arquivo FIDENE do Museu Antropológico Diretor Pestana/FIDENE, Ijuí-RS.
HIECK, Alice Gerda. Entrevista [mar.2017]. Entrevistador: Amanda Keiko Higashi. Ijuí: 2017. 1 áudio digital (1h, 15 min, 40 s).

  • Documentos iconográficos/fotográficos:

BECK, Família. Fotografia CB 6.4 0022: Inauguração Busto Augusto Pestana, Praça República– Ijuí, 1940. Coleção Família Beck, Acervo MADP/FIDENE, Ijuí-RS.

História do arquivo

Fonte imediata de aquisição ou transferência

Área de conteúdo e estrutura

Âmbito e conteúdo

FORMA DO CONTEÚDO:
Local: Linha 1, Leste-Ijuí, RS, Brasil. Casal de noivos Henrique Arthur Max Gieseler e Justina Ida Lausch, que que posam para fotografia em frente à porta da residência da propriedade da família Gieseler. Primeiro Plano: os noivos estão no centro da imagem, posicionados no último degrau da escada em frente à posta residencial e ambos estão em posição de frente para o outro, em leve sentido diagonal, onde ela olha em direção à câmera e ele olha para a lateral. O vestido da noiva é na cor branca, no estilo que segue nos anos 1920, mais soltos e curtos, cortes mais retos com sapatos e parte das pernas a mostra, possui véu e ela segura um grande buquê de flores numa das mãos. Plano de detalhes: eles não estão sorrindo e preservam os braços relaxados, que não estão entrelaçados. Plano de fundo: o ambiente da cena é externo, o entorno da escada e porta está decorado com folhagens tropicais (palmeira leque) e um vaso no degrau. Henrique Arthur (14/09/1896-20/07/1978), também chamado apenas por Max era o filho mais velho dentre os rapazes, sendo Anna Emilia nascida primeiramente, ainda em Santa Cruz como ele.
FORMA DA EXPRESSÃO: fotografia posada; enquadramento I: vertical; enquadramento II: centro; enquadramento III: 3 planos; enquadramento IV: objeto central: casal de noivos; nitidez I (foco): objeto central e demais planos no foco; nitidez II (impressão visual) o contraste é suficiente (linhas definidas) no objeto central e demais planos; nitidez III (iluminação) clara sem sombras.

Avaliação, seleção e eliminação

Incorporações

Sistema de arranjo

Área de condições de acesso e uso

Condições de acesso

Condiçoes de reprodução

Idioma do material

    Sistema de escrita do material

      Notas ao idioma e script

      Características físicas e requisitos técnicos

      Bom estado de conservação.

      Instrumentos de descrição

      Instrumento de pesquisa gerado

      Área de materiais associados

      Existência e localização de originais

      • NOV: Custódia do MADP/FIDENE, Arquivo deslizante

      Existência e localização de cópias

      Unidades de descrição relacionadas

      LGG C2 23 com mesmo contexto: ação/evento; espaço/cenário do registro fotográfico; com mesma sequência fotográfica: alteração quase imperceptível do corpo e expressão facial.

      Descrições relacionadas

      Área de notas

      Nota

      Identificação da imagem e descrição de contexto biográfico/histórico: Edgar Beno Gieseler,
      10/05/2016. Complemento da descrição e análise da imagem: Amanda Keiko Higashi.

      Identificador(es) alternativos

      Pontos de acesso

      Pontos de acesso local

      Ponto de acesso nome

      Pontos de acesso de gênero

      Área de controle da descrição

      Identificador da descrição

      Identificador da entidade custodiadora

      Regras ou convenções utilizadas

      Ponto de acesso/assunto: Classificação temática criada pelo MADP para fotografias desde a década de 80

      Estado atual

      Nível de detalhamento

      Datas de criação, revisão, eliminação

      Idioma(s)

        Sistema(s) de escrita(s)

          Fontes

          Nota do arquivista

          Revisões: Amanda Keiko Higashi, 30/05/2016, 20/07/2018.

          Área de ingresso