A instituição tem origem na criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ijuí (FAFI) em 1957, primeira entidade de ensino superior no noroeste do Rio Grande do Sul, por articulação da Associação Ijuiense Pró-Ensino Superior (de 1956) e Sociedade Literária Boaventura (pertencente à Ordem dos Frades Menores Franciscanos, os Capuchinhos) junto à comunidade de Ijuí e região.
A implantação da FAFI ocorreu num cenário em que parte da comunidade carecia de educação superior pública, que era suprida predominantemente pela iniciativa privada, por isso, houve um número expressivo de instituições de ensino superior privado no interior do Estado. No ano de 1953, Ijuí contava apenas com uma organização chamada Centro de Estudos Pedagógicos Antônio Balbino, um espaço para capacitação de professores onde, através de cursos rápidos e trocas de experiências, buscavam o aperfeiçoamento para o desempenho profissional. Assim, a mobilização em prol da implantação da FAFI buscou atender a qualificação e habilitação para o trabalho pedagógico no ensino secundário em vigor.
Em 1961, o reflexo de desenvolvimento das áreas do conhecimento na instituição foi através da implantação do Centro de Estudos e Pesquisas Filosóficas, Centro de Estudos e Pesquisas Educacionais, Centro de Estudos e Pesquisas Psicológicas e o Centro de Estudos e Pesquisas Sociais. A atuação da FAFI na região e o Movimento Comunitário de Base tiveram forte influência nas discussões para a criação de uma entidade regional aberta e descentralizada, a fim de conduzir a expansão do ensino superior da região.
Deste modo, da ordem religiosa dos Capuchinhos para a comunidade regional, surge em julho de 1969 a Fundação de Integração, Desenvolvimento e Educação do Noroeste do Estado (FIDENE), com o propósito de encaminhar a universidade regional, dando o suporte legal, patrimonial e econômico-financeiro. Em 1970, como mantenedora, a FIDENE criou a Faculdade de Ciências Administrativas, Contábeis e Econômicas de Ijuí (FACACEI). Em 1976 foi implantado o Centro de Ciências Agrárias (CeCA) e em 1980, a Escola de Enfermagem de Ijuí (EEI). Com o passar dos anos, cada vez mais as atividades de extensão universitária foram assumindo a forma de programas e projetos específicos.
Em 1981 foram criados os Centros Integrados de Ensino Superior de Ijuí, substituindo as Faculdades. Posteriormente, a Universidade de Ijuí (UNIJUÍ) foi reconhecida em 1985, tendo-se como mantenedora a FIDENE. Na década de 1990 foram criados o Campus Santa Rosa (06/06/1990), o Campus Panambi (05/03/1992) e o Campus Três Passos (24/06/1992). Assim, em 10/11/1993 ocorreu a regionalização da Unijuí com a estrutura multicampi, viabilizando-se a mudança de sua denominação em 27/05/1994 para Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.
Em paralelo ao contexto de desenvolvimento da FIDENE, outras entidades mantidas foram surgindo, como o Museu Antropológico Diretor Pestana (MADP) 25/05/1961, o Instituto Psicopedagógico Infantil (IPPI) em 15/07/1968, que se tornou Centro de Educação Básica Francisco de Assis (EFA) em 2007, os Serviços de Editoração e Gráfica (SEDIGRAF) em 1957, Rádio Televisão Educativa (RTVE) em 02/05/1992, que se tornou Rádio Educativa Unijuí FM em 20/07/2001, o Instituto Regional de Desenvolvimento Rural (IRDER) em 05/08/1994, a Distribuidora Universitária de Livros (UNILIVROS) em 1995, o Instituto de Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional (IPD) em 16/05/1996. Atualmente, as mantidas subordinadas à FIDENE são: UNIJUÍ, MADP, EFA e Rádio Unijuí FM.
A família Beck tem seu reconhecimento pelas atividades fotográficas que exerceu, iniciadas com Carlos Germano Beck, imigrante da Alemanha que se instalou no Rio Grande do Sul, Brasil, em 1896 . Primeiro, Carlos Germano e sua esposa Clotilde Tarka Beck, provisoriamente permaneceram em Silveira Martins e Cruz Alta, posteriormente, em 1897 foram residir na Colônia Ijuhy (atual município de Ijuí fundado em 1890), na Linha 2, Leste, próximo ao núcleo urbano da colônia e atuaram na agricultura e criação de pequenos animais. O casal teve oito filhos: Jorge Alberto, Reinaldo Otto, Carlos Henrique, Olga Anna, Willy Frederico, Ema Elsa, Alfredo Adolfo e Walter Hugo. A propriedade rural era administrada, principalmente por Clotilde, os filhos e empregados assalariados da família, enquanto Carlos trabalhava como fotógrafo itinerante, tanto pelas redondezas, como em regiões mais distantes do estado, viajando até por um mês, sem retornar para casa. Primeiramente, no mesmo ano em que chegou à colônia, Carlos começou a produzir fotografias sobre o local, cujo laboratório e o estúdio ao ar livre, instalados na propriedade, atendiam a população local que se afirmava econômica e socialmente . O fotógrafo ensinou o ofício aos filhos, que deram continuidade às atividades no estúdio, onde em 1908, a família deixou a propriedade rural para viver integralmente da fotografia no núcleo urbano da colônia, ainda com o estúdio na própria residência ao ar livre e realizando trabalhos itinerantes. Em 1916, Carlos abriu o primeiro estúdio em ambiente fechado e exclusivo às atividades profissionais, na principal rua da cidade, tornando-se referência no ramo e posteriormente, em 1920, o atelier foi transferido próximo à praça central da cidade. O nome dado ao estúdio foi “Germano Beck & Filhos”, com aperfeiçoamento das técnicas como o retoque, a coloração em negativos e imagens reveladas, confecção de álbuns e quadros, inclusive, o filho mais velho, Jorge Alberto participou de um curso ministrado por Virgilio Calegari (1868-1937), um dos profissionais de destaque no cenário fotográfico no Rio Grande do Sul. Após falecimento de Carlos, em 1926, os filhos passaram a administrar o negócio, principalmente por Alfredo Adolfo, Carlos Henrique e Walter Hugo, pois os demais, Reinoldo Otto e Willy Frederico passaram a exercer outras atividades no comércio, por fim, Jorge Alberto passou a atuar como fotógrafo em Cruz Alta. Na década de 1940, o atelier contava com empregados externos, devido ao falecimento gradativo dos irmãos, restando apenas Alfredo Adolfo, que assumiu a direção do espaço até 1980, ano em que encerra as atividades como profissional e fotografando eventualmente. Conforme relatório de atividades de 1975 e outros documentos do MADP, menciona-se o estúdio que Alfredo administrava como “Foto Beck”.
Fonte:
CANABARRO, Ivo dos Santos.. Dimensões da cultura fotográfica no sul do Brasil. Ijuí: Ed. Unijuí, 2011. (Coleção Museu Antropológico Diretor Pestana).
Arquivo FIDENE/Museu Antropológico Diretor Pestana. Acervo MADP.
Martin Robert Richard Fischer, conhecido como Martin Fischer (10/02/1887-16/09/1979), nascido na cidade de Koenigsberg na Alemanha, emigrou para o Brasil, no Rio Grande do Sul em 1921, após combater na 1ª Guerra Mundial (1914-1918) e concluir o doutorado. Porém, acabou retornando à Alemanha e foi redator da Agência de Notícias Wolfs Telegraphen Büro, em Berlim. Em 1934 saiu do país novamente ao aceitar um convite para representar a Agência Noticiosa Alemã (DNB) em Buenos Aires na Argentina, residindo no povoado de Passarinhos, município de Palmitos - SC, ficando até 1937, quando deixou o cargo e foi para o Rio Grande do Sul.
Ele viveu numa propriedade rural em Iraí junto com sua companheira Carlota, ainda mantendo contatos com a imprensa, como o Correio Serrano e jornais de várias capitais, até que em 1951 foi residir em Ijuí para atuar na área. Fischer foi correspondente de jornais estrangeiros, redator durante muitos anos do suplemento alemão “Die Serra Post” do Correio Serrano, editor de almanaque na língua alemã “Serra Post Kalender”, da mesma empresa, e produzia e apresentava a “Hora Alemã”, programa na Rádio Repórter de Ijuí. Como ele alimentava o sonho de criar um museu na cidade, articulou junto à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ijuí (FAFI), com apoio do diretor Prof. Mário Osorio Marques (na época ainda Frei Frei Matias), a criação do Museu Antropológico Diretor Pestana, em 1961.
Na época, Martin Fischer passou a coletar documentos e objetos das famílias da região, formando aos poucos o acervo. Mas, para dar o primeiro passo, doou sua própria coleção de objetos indígenas (armas de pedra, cerâmica, ponta de flecha), trazidas de Iraí, e uma grande coleção de recortes de jornais, cuidadosamente catalogados e arquivados que ele vinha reunindo ao longo dos anos. Em 1973, desligou-se do Museu, deixando seu sonho realizado. No dia de seus 90 anos, recebe do governo municipal, por iniciativa do prefeito Wilson Mânica o título de “Cidadão Ijuiense”. A Fidene o distinguiu com o título de “Professor Benemérito”. Ele viveu em Ijuí até seu falecimento, aos 92 anos.
Fonte: Adaptado de Kema: informativo MADP, Ano I, Número 2, Julho 2008, p.2